quarta-feira, 27 de maio de 2015

HATERS GONNA HATE

Odeio novela. Odeio pau de selfie. Odeio aquela menina. Odeio mais ainda aquela roupa. Odeio gente que aplaude o pôr do sol. Odeio o que é gourmet. Odeio meu ex. Odeio BBB. Odeio você e todo mundo que te apoia.


Vocês já perceberam a quantidade de tempo e energia que a gente gasta odiando as coisas? É incrível. As redes sociais estão cada vez mais infestadas de discursos desse tipo e quem endossa esse comportamento violento somos nós mesmos. Mas por quê?

Porque é muito mais fácil criticar que elogiar, ué. E muito mais gostoso também. Nenhum de nós quer admitir, mas no fundo sentimos aquela pontinha de superioridade quando declaramos ser contra alguma coisa, afinal, por algum motivo ela ofende o nosso tão elaborado intelecto: “É sério que você escuta funk? Justo você, uma pessoa tão culta...”. “Justo você”? Sério que gostar de uma coisa me coloca abaixo na cadeia alimentar? É possível que isso invalide e torne negativa toda construção da minha personalidade durante os anos? Funk é antônimo de cultura? Doido, hein?! Nem sabia.

E percebam que esse papinho serve pra qualquer coisa que seja mainstream no momento. Uso o exemplo do funk porque eu mesma já falei essas coisas. Tive a minha fase ~chatinha pseudocult do heavy metal~ e acreditava piamente que funkeiros deveriam ser exterminados, usando de um discurso fascista que só. Uma menina de treze anos desejando de coração que pessoas sumissem da face da terra por conta do estilo de música que gostavam. Pra mim não importava o funk como manifestação cultural, comunicação ou arte. A capacidade de incorporar o preconceito e a intolerância estavam em mim e eu sequer notava. 

Hoje o que me incomoda é ver amigos aos 20, 30 e 50 anos com alguma experiência de vida, que se dizem tão estudados e conscientes, falando a mesma coisa que eu inocentemente dez anos atrás. E eu não quero acreditar que qualquer tipo de ódio - mas especialmente o gratuito - pareça racional pra alguém. 

Acho que no fundo o que temos que nos perguntar de verdade é: “Por que eu odeio isso?” Lembrando que “porque eu quero” não é a resposta mais saudável ou madura. Você não é obrigado a gostar de nada, mas... Deixemos as pessoas ouvindo funk (com fones de ouvido) em paz. Deixa a galera de humanas aplaudir o pôr do sol. Deixa a amiga ir na cervejada usando sombra azul. Deixa o irmão comentar BBB no twitter. Paremos de nos incomodar tanto com o que faz os outros felizes e procuremos o que nos agrada e faz bem. Eu tô tentando... E você? 

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