1)
TERAPIA PÓS BARIÁTRICA É IMPORTANTE SIM
No
meu caso, eu já fui bem nervosa pra sala de operação. Você acha que tem toda a
certeza do mundo do que quer até se sentir numa cena de Grey’s Anatomy, sendo
carregada num maca e vendo as luzes do teto passando por você. Sério, eu me
tremia toda de tanto cagaço. Num segundo estava mega segura e, no outro, era o
retrato da Anastasia de 50 tons de cinza. Ou seja, já comecei errado. Os dias
que se seguiram não foram dos melhores também. Não lidei muito bem com minha
estadia no hospital (e a privação de sono) e o primeiro mês em casa passou bem,
mas bem devagar. Foi genuinamente difícil. Nesse período em que se tem bastante
tempo livre, você acaba criando algumas expectativas irreais (alimentadas pela
insegurança, dor e cansaço citados anteriormente) com relação aos resultados
imediatos do procedimento. E, acreditem, isso pode nos frustrar horrores. Foi exatamente
o que aconteceu comigo. Eis um exemplo mais claro: em seis dias eu perdi 7kg. É
coisa pra cacete. Passou mais uma semana, fui me pesar toda animadinha: havia
perdido apenas mais 2kg. E aí piração toma conta do serumaninho. Você começa a
achar que não deu certo com você, que alguma coisa tá errada, que você tá
tomando muitos copinhos de 20ml de suco, que a gelatina light tá te engordando.
Quando percebi que esses pensamentos imbecis estavam tomando conta e arrebentando
com a minha motivação, procurei ajuda psicológica. E foi a melhor coisa que eu
fiz. Passei com a psicóloga com quem fiz o acompanhamento pré-bariátrica (que
foi quem me deu o laudo aprovando o procedimento, inclusive), com a qual
desenvolvi uma boa relação e muita confiança. Querendo ou não, a bariátrica
muda a sua vida de maneiras que, a priori, você não enxerga. A sua relação com
os amigos muda. O seu conceito de diversão, lazer e até prazer também mudam.
São colocadas em pauta diversas limitações que pensamos estar preparados pra
enfrentar e que, após o trauma de uma cirurgia, muitas vezes não estamos. E a
terapia te ajuda pra caramba nesse sentido. Portanto, recomendo e reitero: não
é frescura e, se possível, não abram mão do acompanhamento. Faz toda a
diferença.
2)
VOLTAR A COMER PODE SER UM PROBLEMA
Passaram
os 21 dias da dieta líquida. Os outros 7 de pastosa voaram. Chegou a hora tão
esperada de comer alimentos feitos pra quem tem dente... O problema é que você
não consegue. Seu estômago ficou pequenininho e está desacostumado a receber
qualquer coisa que dê trabalho pra digerir. Além disso, a absorção das
gorduras, açúcares e vitaminas é diferente agora. Por isso é importante
escolher bem sua primeira refeição. Eu comi tudo o que eu queria: arroz,
batata, tomate cereja e um pedaço de filé de peixe grelhado. E como foi
difícil, migos... Você vai ficar lá mastigando 30 vezes e engolindo as coisas
aos poucos – se não dói. Se não doer, vai voltar... – e quando for pegar a
segunda garfada, tudo já vai estar frio. Bate um desespero danado. Você vai
reaprender a se alimentar e vai ser um pé no saco.
No
mais, pode ser que você não lide bem com o consumo de açúcar e tenha
tremedeiras. O gosto da coca-cola nunca vai ser o mesmo, já aviso. Pode ser
também que não dê pra comer carne de imediato porque, realmente, é um alimento
rígido que pode parar no esôfago e não descer nem por decreto. Mesmo que você
mastigue. Mesmo que você imploda com dinamite aquele pedacinho de proteína. Ela
não está a seu favor. E, mais do que qualquer coisa, lembrem-se: NÃO TENTEM EMPURRAR
COM ÁGUA. Vai dar merda.
3)
VOCÊ VAI ECONOMIZAR MUITO COM COMIDA...
Agora
chegamos na parte legal. Amiguinhos, assim como eu, vocês vão economizar muito
em comida. Muito mesmo. Oh, no restaurante por quilo você vai sentir um prazer
que nunca experimentou antes: duvido que pague mais que 10 reais no prato (e tô
falando de quilo bom, viu, não do sujinho do SENAC). Se você trabalha e rola um
refeitório na empresa, aproveite pra levar sua comidinha bonitinha de casa.
Assim cê sabe o que tá comendo, como foi feito e também as quantidades exatas
(no começo você pode ficar bem perdido, como eu fico até hoje). Ir a um
restaurante a la carte só vale a pena acompanhado: rola dividir um prato com o
amiguinho e é capaz ainda que sobre. Sobre o rodízio, bom... Não sei se vale a
pena at all. Existe uma lei que está em vigência em alguns estados brasileiros (leia mais sobre aqui) que
determina que restaurantes deem desconto (de 30% a 50%) aos operados quando
apresentada a carteirinha que comprove o procedimento. Se esse caso se aplicar
e você fizer muita questão do rodízio: YOU GO GIRL!
4)
... MAS VAI GASTAR UMA CARALHADA EM VITAMINAS